Na noite de 31 de março de 2012, junto a Odécio Deschamps, Célio Gilberto Silva, Lélia Gamba, familiares, amigos e membros da Associação de Escritores, aconteceu o lançamento do livro PALAVRAS EM MIM – Meus Poemas e Relatos da Infância, de autoria de LUCIANE MARI DESCHAMPS.
O livro traz, como um dos temas, a infância: memórias de um tempo bom vivido pela autora na serra catarinense. Naquele momento, foi possível traçar um paralelo com os versos de Carlos Drummond que poetizou sobre o tema em seu poema Infância, declamado pela autora:
Infância
Carlos Drummond de Andrade
A Abgar Renault
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
Lia a história de Robinson Crusuoé,
Comprida que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
A ninar nos longes de senzala e nunca se esqueceu
Chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
Café gostoso
Café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
Olhando para mim:
Psiu... não acorda o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
No mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
Era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Outra passagem citada, referente ao tema, foi um trecho do livro de Gabriel Chalita para dizer da infância.
“ERA UMA VEZ... um sonho... O sonho de manter acesa a chama vibrante, intensa e colorida da infância. Um tempo marcado pelo encantamento da atmosfera onírica que rege a primeira e mais importante fase de nossas vidas. Uma época singular, rica, pessoal e intransferível. Período que representa uma galáxia em meio a todos os outros milhões de sistemas estelares produzidos pela fértil imaginação infantil. Imaginação livre de preconceitos, de negativismos e de limitações. A pureza, a ousadia e o espírito quaseselvagem dos primeiros anos nos marcam de forma indelével por toda a existência... É como se esse período fosse comandado pelo ritmo de um relógio cujos ponteiros marcam só diversão e alegria... Um tempo cujo cheiro, gosto, cor e som continuamos perseguindo, de forma consciente ou inconsciente, por toda a vida.”
O poema de Mário Quintana, Recordo Ainda, evidenciou alguns sentimentos do quanto a fase da infância foi um período de alegria, doçura e encantamento para a a escritora do livro PALAVRAS EM MIM.
RECORDO AINDA
Mário QuintanaRecordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!
Que envelheceu, um dia, de repente!
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!
Que envelheceu, um dia, de repente!
Frase da autora:
“Todos nós desejamos registrar a nossa vida e, quando partirmos, deixar algo para alguém, seja fotos, livros, textos, objetos pessoais e de valor.... Tudo é uma forma de dizer da pessoa que fomos. Mas sabemos que o maior legado que deixamos só estará no coração daqueles que nos amaram de verdade. O motivo do amor destas pessoas por nós será a nossa mais linda lembrança de quem fomos um dia. Assim, teremos a certeza de que não chegamos vazios no final da jornada da vida.”
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